18 de outubro – Festa da Aliança de Amor – Transfigura a realidade hoje.
Pe. Vandemir Jozoé Meister.
Todos os dias 18 de cada mês, tem uma raiz que conduz ao dia 18 principal, que é 18 de outubro. Este dia, por excelência, para todos aqueles que estão mais enraizados na espiritualidade de Schoenstatt, causa uma alegria interior de pertencer à grande Família de Schoenstatt, por meio da Aliança de Amor com a Mãe e Rainha.
Temos uma alegria porque temos uma mesma Mãe que cuida desta grande Família Internacional. Uma Mãe que tem um carinho especial com cada um dos seus filhos. Ela quer nos formar como formou seu Filho, o Redentor do mundo. Ela quer fazermos partícipes desta Redenção, pela qual seu Filho tanto se empenhou, que deu sua vida por cada um de nós. Um irmão maior que se sacrifica pelos irmãos melhores. Como Família, por mais que exista alguma divergência, uma coisa é que nos mantém unidos: A Aliança de Amor com nossa Mãe! É um valor imaterial que perpassa todos os tempos, limites geográficos, dificuldades, crises, etc. Este valor que produz distintas reações e respostas mundo afora.
No mês de junho de 2022, tivemos o Congresso de Pentecostes, em Schoenstatt/Alemanha, com mais de 140 representantes, de mais de 30 países. Foi bonito perceber como essa Aliança de Amor, selada com a Mãe de Deus, produz uma unidade internacional. Mas, ao mesmo tempo, cada povo tem um desafio específico para enfrentar. Esses desafios são para impregnar as culturas cada vez mais com os valores do Evangelho.
Essa Aliança de Amor tem um fundamento primeiro que é conduzir a Cristo. Nossa Senhora é a primeira que acompanhou o personagem principal do Evangelho, seu Filho, Ele é a mensagem em si mesmo. No alto da cruz, Ele teve a atenção de não deixar ninguém abandonado: “Filho, eis aí tua Mãe.” Jo 19,17. Quis nos deixar uma Mãe, para nos acompanhar no caminho da Fé. Com razão, o Papa Francisco fala: A Igreja não é órfã, tem uma Mãe: Maria. Com Ela, queremos percorrer neste mundo o caminho da vida. Caminho que não é fácil. A cada época com seus próprios desafios. Neste tempo que nos corresponde temos que ser os “luzeiros da esperança”.
Um texto, que ainda repercute, é o pronunciamento do Bispo de Treves/Alemanha, Dom Stefan Ackermann:
“Queridos irmãos, quando vocês peregrinam a este Santuário… nesse mesmo momento são enviados, desde este lugar, para a missão de ir ao mundo, com um novo entusiasmo e valor renovado, como nos confiou Jesus. O Pe. Kentenich compreendeu muito bem esta missão e a acolheu. Quando ele entrega o programa aos membros do seu Movimento: “Não abandonar o mundo, senão penetrá-lo; significa não ter medo do mundo e pôr todas as áreas da vida em contato com o Evangelho.”
No mesmo sentido, entendo a sua missão de “santidade da vida diária”: Os schoenstattianos não só tem que santificar o dia, mas sim santificar todos os dias, todas as situações e todos os lugares onde se encontram. Por isso, é bom que não só exista um Santuário em Schoenstatt e os muitos Santuários Filiais, mas, também o Santuário interior de cada coração. Portanto, não deve haver nenhum aspecto da vida que não esteja em contato com Deus. Nada deve ser deixado de lado.
Permitamos ao Senhor, com clara consciência e liberdade, ser parte de toda nossa vida. Convidemo-lo a assumir (TRANSFIGURAR) todas as situações de nossas vidas: Nada é tão humano, nada é tão pequeno, nada é tão difícil ou escuro, nada é tão sujo ou inútil, estragado ou débil que não possa ser tocado pelo poder sanador do Senhor.”[1]
Essas palavras do Dom Ackermann se fazem tão atual para o atual lema nacional da Família de Schoenstatt, transfigura hoje a realidade!
Transfigurar é, primeiramente, um termo teológico, vem do verbo transfigurar: Tornar outro modo. Na linguagem bíblica, trata-se da ação divina penetrada na humana, experiência de Cristo no alto do monte Tabor, diante dos 3 discípulos: Pedro, Tiago e João. Ali, Cristo assume a dimensão divina diante dos olhos
dos apóstolos. Transfigurar é uma ação de tornar outro modo (divinizar), no contexto bíblico.
Somos convidados a “Transfigurar a realidade”.
Ação de divinizar é um princípio divino e somente Deus o realiza. Nós, somos instrumentos para facilitar esta ação divina. Somos facilitadores da Graça.
A pergunta seguinte é de capital importância: Como Cristo faria para transformar esta realidade?
Transfigurar, traduzindo para a dimensão pedagógica/pastoral é agir na transformação da realidade à maneira de Cristo. Ele era humano e divino, pensava nos bens dos homens e no bem de Deus Pai. Ele não contrapunha a realidade humana com a realidade divina. A realidade humana é o receptáculo da realidade
divina, para que esta mesma humanidade seja possuidora do Reino de Deus. Transfigurar requer produzir uma mudança na realidade, com as categorias de Deus.
Viver com entusiasmo a Aliança de Amor com Maria é deixar-se tocar, conduzir, educar por Ela. Maria nos forma a imagem de seu Filho. Filialmente temos que deixar-nos educar e ser transformado por Maria, para que possamos impregnar o ambiente onde estamos e deixar que Deus aja à sua maneira. O Pe. Kentenich,
neste contexto, falava sobre a “Fé Prática na Divina Providência”.
A realidade, primeiramente, começa em cada um de nós. Às vezes, falamos muito do nosso entorno, das pessoas, situações que estão ao nosso lado. Mas, não temos condições de olhar para dentro de nós mesmos e de nos abrir para a ação de Cristo.
O primeiro Tabor de transfiguração é o meu Tabor interior. “Permitamos ao Senhor, com clara consciência e liberdade, ser parte de toda nossa vida. Convidemo-lo a assumir (TRANSFIGURAR) todas as situações de nossas vidas: Nada é tão humano, nada é tão pequeno, nada é tão difícil ou escuro, nada é tão sujo ou inútil, estragado ou débil que não possa ser tocado pelo poder sanador do Senhor”, nos dizia Dom Stefan.
Abençoado Dia da Aliança. Viva com entusiasmo!
[1] Ackermann, Stefan. Homilia 16/10/1914, Missa inaugural da Celebração Jubilar.
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